
A Fome Oculta nada tem a ver com aquela sensação de estômago vazio inexplicável, como o nome parece sugerir, e está associada à qualidade, e não à quantidade, do que se come no dia a dia, um mal que afeta 2 bilhões de pessoas no mundo, segundo estimativas do Instituto Internacional de Pesquisa de Política Alimentar, dos Estados Unidos. “O problema é resultado de uma alimentação pobre em vitaminas e minerais, micronutrientes necessários para manter o organismo a pleno vapor“, resume o nutrólogo Paulo Giorelli, membro da Associação Brasileira de Nutrologia (Abran).
De forma silenciosa, essa síndrome atinge homens e mulheres de todas as idades e classes sociais, sem emitir nenhum tipo de sinal. “Quando falta glicose no sangue, logo bate a fome e a gente procura algo gostoso para comer. Só que, na insuficiência dos micronutrientes, o organismo não se comporta desta forma. Ninguém sente vontade de ingerir zinco, ferro ou selênio”, explica Giorelli.
Assim, em geral, o organismo já está vulnerável quando surgem sinais de déficit. Um consumo insuficiente de ferro, por exemplo, com o tempo, leva a cansaço e desânimo, culminando em um quadro de anemia. Dores musculares e cãibras constantes acendem o sinal amarelo para a falta de potássio, cálcio e magnésio. Já o ácido fólico regula a comunicação entre os neurônios e sua escassez pode estar por trás da fadiga mental e da falta de concentração.
O desconhecimento ameaça piorar ainda mais as coisas. Em um levantamento realizado sobre os impactos da rotina moderna na busca pela vida saudável, 83% dos entrevistados admitiram nunca ter ouvido falar de fome oculta. Mais, 30% não têm ideia se sofrem de alguma carência alimentar. Desta forma, quando o corpo começa a dar os primeiros sinais da deficiência, já está vulnerável a problemas que atrapalham o dia a dia.
Conheça abaixo cinco dos sinais que podem ajudar identificar a fome oculta.
Olho nas Cores
Para prevenir carências de micronutrientes, a estratégia número 1 é caprichar à mesa. O prato ideal tem carboidratos integrais, proteína magra e fartura de vegetais. “Tem de apostar na variedade de alimentos para tirar proveito de uma gama maior de benefícios“, ensina a nutricionista Mariana del Bosco, de São Paulo. As cores ajudam a identificar cada bônus. O betacaroteno, que dá o tom da cenoura e da abóbora, por exemplo, se transforma no organismo em vitamina A, que é essencial para a visão. As folhas de tom verde-escuro garantem uma longa lista de substâncias benéficas, como vitaminas A, C e do complexo B, além de cálcio, magnésio e ferro.
Táticas Personalizadas
Adicionar azeite a vegetais é uma boa alternativa, isso porque a gordura “boa” colabora no transporte e na absorção dos micronutrientes.
Mas, para garantir distância das estatísticas da fome oculta, recomenda-se buscar orientação especializada. Assim, necessidades individuais serão avaliadas e as táticas à mesa, personalizadas. A fórmula básica do comer direito já é bastante conhecida, mas, ao fazer as escolhas cotidianas, é importante levar em conta fatores como peso, altura, idade, frequência e intensidade da atividade física que se pratica. Até os minutos que ficamos ao sol faz diferença, já que a exposição é parceira na aquisição da vitamina D e na fixação do cálcio nos ossos.
Queda de cabelo e unhas fracas
Quando faltam vitaminas A, C e E, importantes parceiras para a regeneração de tecidos, os fios enfraquecem, a pele fica áspera e as unhas, quebradiças.
Esgotamento físico
Cansaço, dificuldade de sair da cama, falta de ânimo para a prática de exercícios físicos. Sintomas assim, muitas vezes, estão associados a uma alimentação pobre em ferro. O consumo insuficiente do mineral, com o tempo, leva a fadiga e desânimo, culminando em um quadro de anemia. Diminua esse risco consumindo carne magra, folhas verde-escuras e grãos integrais. A falta de vitamina do complexo B também pode desencadear o problema. Por isso, é preciso reforçar a presença de leite, peixe, ovos e leguminosas no cardápio.
Fadiga mental
O ácido fólico regula a comunicação entre os neurônios e sua escassez pode estar por trás da dificuldade de raciocínio e falta de concentração. Forrar o prato de brócolis, espinafre, agrião e rúcula, combinados com grãos, é boa estratégia para garantir mais agilidade mental.
Cãibras
Dores e contrações musculares constantes acendem o sinal amarelo para a falta de minerais. Frutas como manga e banana trazem boa quantidade de potássio. Castanha-do-pará e cereais integrais são ótimas fontes de magnésio. O cálcio está em leite e derivados, além de peixes, como sardinha e salmão. Sem esquecer de que os minutos que se fica ao sol faz diferença, já que a exposição é parceira na aquisição da vitamina D e na fixação do cálcio nos ossos.
Baixa imunidade
Para melhorar as defesas, é preciso calibrar melhor a ingestão de vitamina C, presente em frutas como laranja e caju, além de tomate e brócolis. O consumo de zinco e selênio também ajuda a manter o organismo livre de gripes e resfriados constantes. Aveia e cogumelo são ricos no primeiro mineral; castanha-do-pará, por sua vez, carrega bastante selênio.