O Brasil garantiu cinco vagas nos Jogos Olímpicos de Inverno de 2026, que acontecerão na Itália, nas cidades de Milão e Cortina d’Ampezzo. O feito representa mais um passo significativo do país em sua evolução no cenário dos esportes de neve e gelo, tradicionalmente dominados por nações com clima frio. A classificação foi divulgada oficialmente nesta semana por fontes ligadas ao Comitê Olímpico do Brasil (COB).
As vagas foram conquistadas por atletas que se destacaram em competições internacionais válidas como pré-classificatórias para os Jogos, demonstrando preparo técnico, evolução física e apoio institucional crescente.
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Os Jogos de Inverno de 2026: o que esperar?
Marcados para ocorrer entre os dias 6 e 22 de fevereiro de 2026, os Jogos Olímpicos de Inverno terão como sedes as cidades italianas de Milão e Cortina d’Ampezzo. Esta será a terceira vez que a Itália recebe os Jogos de Inverno — as edições anteriores foram em 1956 (Cortina d’Ampezzo) e 2006 (Turim).
O evento reunirá cerca de 3 mil atletas de mais de 90 países competindo em mais de 100 provas em 16 modalidades, como esqui alpino, snowboard, patinação artística, bobsled, skeleton e curling. A expectativa é de um espetáculo com paisagens alpinas deslumbrantes, tecnologia de ponta e forte engajamento do público europeu.
As cinco vagas do Brasil: modalidades e atletas
O Brasil garantiu presença nas seguintes modalidades:
- Esqui cross-country
- Esqui estilo livre
- Skeleton
- Bobsled
- Patinação de velocidade em pista curta (short track)
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As vagas foram asseguradas por meio do desempenho em etapas da temporada 2023/24 e início de 2025, incluindo torneios chancelados pela Federação Internacional de Esqui (FIS), Federação Internacional de Bobsled e Skeleton (IBSF) e União Internacional de Patinação (ISU). Os nomes dos atletas classificados ainda estão sendo homologados pelas respectivas federações, mas já se sabe que alguns dos principais representantes são remanescentes de Pequim 2022 e PyeongChang 2018.
Entre os destaques estão:
Bruna Moura, atleta do esqui cross-country, que teve desempenho notável em provas da Noruega e Suécia.
Michel Macedo, no esqui estilo livre, voltou às pistas após lesão e garantiu pontuação suficiente.
Nicole Silveira, no skeleton, é uma das maiores promessas brasileiras e tem treinado no Canadá e na Alemanha.
A equipe de bobsled, que conta com integrantes treinados nos EUA.
Uma jovem promessa paulista na patinação de velocidade, cujo nome ainda será divulgado pelo COB.
Desafios e conquistas do Brasil nos esportes de inverno
Tradicionalmente ausente nos pódios de inverno, o Brasil vem investindo progressivamente em infraestrutura e intercâmbio internacional. A criação de centros de treinamento temporários em locais como o Canadá, Alemanha e Coreia do Sul tem sido vital para a preparação dos atletas.
A Confederação Brasileira de Desportos na Neve (CBDN) e o Comitê Olímpico do Brasil (COB) estabeleceram metas ousadas desde os Jogos de Sochi 2014, visando não apenas aumentar a presença brasileira em eventos de inverno, mas também consolidar modalidades com histórico competitivo, como o bobsled e o skeleton.
Com um orçamento modesto se comparado às potências do setor, o Brasil aposta em intercâmbio técnico, captação de atletas com dupla nacionalidade e programas de detecção de talentos em modalidades como o curling, onde o país estreou recentemente em campeonatos sul-americanos.
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Histórico do Brasil nos Jogos de Inverno
O Brasil estreou nos Jogos Olímpicos de Inverno em Albertville, na França, em 1992. Desde então, tem marcado presença constante, embora ainda não tenha conquistado uma medalha. Em 2022, em Pequim, o país enviou 11 atletas, seu maior número até então.
Mesmo sem pódios, o país já alcançou resultados expressivos, como a 13ª colocação de Nicole Silveira no skeleton em Pequim e a participação de Jaqueline Mourão, que se tornou uma das atletas olímpicas mais longevas do Brasil, presente em edições de verão e inverno.
Expectativas para Milão-Cortina 2026
Com cinco vagas garantidas e mais possibilidades de classificação nos próximos meses, o COB trabalha com a estimativa de enviar entre 8 e 12 atletas para os Jogos de Inverno de 2026. A meta principal continua sendo ampliar a visibilidade dos esportes de inverno no Brasil, conquistar resultados expressivos e pavimentar o caminho para futuras gerações.
Há também a expectativa de que a presença brasileira ajude a fomentar debates sobre a diversidade climática no esporte olímpico, bem como políticas de incentivo para formação de atletas em regiões serranas do país, como o Sul e o Sudeste, onde já há clubes que simulam as condições das pistas europeias.
Caminho até Milão: próximos passos
Até o encerramento do ciclo classificatório, previsto para dezembro de 2025, o Brasil ainda pode conquistar novas vagas — especialmente em modalidades como snowboard e patinação artística. A preparação dos atletas conta com o suporte de fisiologistas, psicólogos do esporte, nutricionistas e técnicos internacionais.
O COB anunciou que lançará em breve uma campanha promocional para engajar o público brasileiro em torno da participação nacional nos Jogos de Inverno. A iniciativa incluirá transmissões ao vivo, documentários e ações educativas em escolas públicas.
Mesmo sem tradição ou infraestrutura permanente em esportes de inverno, o Brasil vem consolidando uma trajetória de crescimento e presença olímpica. A classificação para cinco modalidades em Milão-Cortina 2026 é reflexo direto do esforço conjunto de atletas, técnicos e dirigentes que apostam em sonhos desafiadores.