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Caos no comércio mundial depois da tarifação dos EUA que pode afeta as cripto

As novas tarifas impostas pelos Estados Unidos a diversos parceiros comerciais estão trazendo instabilidade ao mercado global. Bolsas despencam, moedas de países emergentes sentem o baque, e o dólar oscila diante das incertezas em relação aos próximos passos do governo norte-americano.

Em meio a toda essa turbulência, o mercado das criptomoedas tem chamado atenção. No Brasil, por exemplo, diversos traders e investidores acompanham de perto o comportamento do Bitcoin, do Ethereum e de outras altcoins diante das alterações no comércio no mundo. E esse último acontecimento também pode afetar os criptoativos.

O “tarifaço” norte-americano e suas implicações globais

A estratégia comercial dos EUA de impor tarifas sobre importações não é novidade, mas o recrudescimento das políticas protecionistas ganhou força recentemente e afeta cadeias produtivas em todo o mundo. Ao subir barreiras tarifárias, a Casa Branca busca proteger setores locais de concorrência estrangeira.

E também reverter déficits comerciais considerados excessivos. Entretanto, essa guinada protecionista gera reações em cadeia. Países que sofrem sanções ou aumentos de tarifas tendem a retaliar, impondo seus próprios tributos sobre produtos norte-americanos. Dessa forma, cria-se uma tensão global.

E essa tensão eleva custos de produção, encarecendo mercadorias e, consequentemente, pressionando a inflação e as bolsas de valores. Se falamos de criptomoedas, o mercado também é afetado pela instabilidade. Mesmo as meme coins promissoras podem sofrer mais flutuações, principalmente com o aumento de investidores em busca de novas opções.

O Brasil, grande exportador de commodities agrícolas e minerais, acompanha essa situação com apreensão. Se por um lado tarifas sobre países concorrentes podem favorecer alguns produtos brasileiros, por outro o protecionismo norte-americano pode redirecionar fluxos de comércio ou até incidir em produtos nacionais.

A Organização Mundial do Comércio (OMC) alerta para o risco de desaceleração do comércio global e pede cautela aos governos para evitar guerras comerciais de grande escala. Segundo dados divulgados pelo Banco Central do Brasil, a entrada de dólares no país sofreu oscilações sensíveis nas últimas semanas.

Isso mostra a cautela de investidores estrangeiros em meio à incerteza global. O real, que chegou a apresentar sinais de estabilização após meses de volatilidade, também voltou a mostrar flutuações diante de tudo isso. A taxa básica de juros (Selic), mantida em 13,75% ao ano pelo Comitê de Política Monetária (Copom), torna os títulos públicos brasileiros mais atrativos para investidores que buscam remuneração segura.

Por outro lado, a contínua instabilidade internacional pode levar a fluxos ainda maiores para ativos considerados “porto seguro”, como ouro e, em menor medida, as criptomoedas. A inflação acumulada em 12 meses no Brasil chegou a cerca de 5,06% em fevereiro de 2024, segundo o IBGE, o que reforça a preocupação com a alta de preços.

Volatilidade cripto em meio ao caos global

O mercado de criptomoedas é bastante volátil. Eventos políticos e econômicos que abalam a confiança dos investidores costumam impactar diretamente o valor de ativos digitais. Sendo assim, o “tarifaço” norte-americano trouxe uma onda de pessimismo aos mercados tradicionais, mas também alimenta especulações sobre a busca por criptoativos.

Após registrar altas, o Bitcoin chegou a ser negociado próximo de R$ 420 mil em algumas corretoras brasileiras. Contudo, o humor dos investidores se tornou mais frágil com as incertezas envolvendo as tarifas estadunidenses e potenciais retaliações de parceiros comerciais de peso, como a China.

o Ethereum e outras altcoins passaram por oscilações ainda maiores, pois costumam ser mais sensíveis a movimentos de fuga de capital do mercado cripto. Alguns especialistas defendem que esse seria um momento de “fuga para a qualidade”, onde apenas o Bitcoin ganharia força.

No entanto, outros acreditam que, com o tempo, a tendência seria de diversificação de portfólio, incluindo moedas alternativas que apresentem alguma inovação ou casos de uso interessantes. O debate sobre o Bitcoin como “novo ouro digital” não é recente. Durante períodos de instabilidade econômica, muitos entusiastas ressaltam suas características.

Como a descentralização, oferta limitada (21 milhões de unidades) e resistência a intervenções estatais. Em teoria, esses atributos tornariam o Bitcoin menos suscetível às variações geradas por políticas monetárias ou comerciais de grandes potências. No entanto, há quem critique a ideia de que o BTC seja um refúgio tão sólido quanto o ouro.

Em comparação ao metal precioso, a criptomoeda ainda é muito jovem, possui menor capitalização de mercado e enfrenta dificuldades regulatórias que podem influenciar fortemente sua cotação. Mesmo assim, grandes players institucionais e fundos de investimento têm alocado parte de seus recursos em Bitcoin.

Para o investidor brasileiro, o contexto é duplamente complexo: além das instabilidades geradas pelo cenário global, há questões locais, como a evolução dos indicadores econômicos nacionais, a própria taxa Selic e eventuais mudanças na legislação de criptoativos no país. Tudo isso afeta o grau de confiança no Bitcoin como reserva de valor.