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Brasileiros nunca estiveram tão endividados, mostra estudo

Brasileiros nunca estiveram tão endividados, mostra estudo

Número de pessoas endividadas também é o maior em 12 anos
Brasileiros nunca estiveram tão endividados, mostra estudoCom a inflação nas alturas e a renda não seguindo a mesma curva ascendente, o número de famílias inadimplentes no Brasil bateu um novo recorde em abril: segundo dados da Confederação Nacional do Comércio (CNC), três em cada dez casas (28,6%) estão nessa situação hoje no país. É o patamar mais alto desde que a entidade passou a fazer a medição, em janeiro de 2010.

Para a CNC, a principal vilão é a alta dos preços. “Com os juros médios de mercado quase 20 pontos percentuais maiores do que há um ano, o endividamento encerrou o primeiro quadrimestre do ano na maior proporção história e apontando tendência de alta“, diz a entidade em nota.

Só no mês de março, a taxa de aumento dos preços foi de 1,62%, a mais alta desde 1994 para o mês.

Já a proporção de pessoas endividadas, isto é, que têm contas ainda para vencer, mas não estão atrasadas, chegou a 77,7% em abril (o maior número desde 2010). No mesmo mês do ano passado, a taxa era de 67,5%. Essa situação, para a CNC, acontece porque as pessoas têm procurado recursos alternativos para manter consumindo em meio à crise econômica. Isso acontece também para voltar a ter a possibilidade de comprar, já que muitas dessas pessoas estão negativadas. Em redes como Casas Bahia ou Boticário limpar nome se tornou, inclusive, um meio de atrair clientes.

Também ficou alto o volume de famílias que não têm condições de pagar suas dívidas: 10,9%, ante 10,4% em abril do ano passado.

Toda essa situação colabora também com a percepção das pessoas sobre sua situação. Famílias que se dizem “muito endividadas” somam 17,8% entre aqueles que estão endividados. Isto é, são pessoas que possuem boletos de financiamentos ou de empréstimos pendurados, e estão conseguindo pagá-los com dificuldades. É a maior taxa da pesquisa desde 2011, diz a CNC. Essa percepção não é à toa: metade da renda de 21% das casas dos brasileiros estão comprometidas para arcar com esse tipo de despesa.

A maior parte das pessoas endividadas, no entanto, se declaram “pouco endividadas” (32,5%).

O cartão de crédito continua sendo o principal fator de endividamento das famílias brasileiras hoje, de acordo com a CNC. É o caso de 88,8% das pessoas pesquisadas, o que significa que praticamente nove em cada dez brasileiros devem o boleto do cartão atualmente. Em seguida estão os carnês de consumo, como de lojas de varejo, por exemplo, que atingem 18,2% das residências. O financiamento de automóvel (11,2%) e o crédito pessoal (9,4%), isto é, empréstimos de instituições financeiras, completam os grandes elementos do endividamento.

Para a confederação, “o contínuo encarecimento do crédito com preços aos consumidores ainda elevados e a fragilidade apontada no mercado de trabalho formal devem seguir afetando negativamente a dinâmica da inadimplência das famílias nos próximos meses, em que, entre as de menor renda, os dois indicadores de inadimplência apontam tendência cada vez mais positivamente inclinada“.

São Paulo também bate recorde
Da mesma forma que o Brasil, a principal capital brasileira está na mesma situação: dados da FecomercioSP mostram que 3 milhões de famílias paulistanas têm alguma dívida ativa – o que é o maior número desde que a entidade começou a fazer a pesquisa, há 12 anos. Pior do que isso, a cobrança de dívida a essas pessoas tem chegado a 24% delas.

O porcentual das que não conseguirão quitar as faturas atrasadas também bateu o recorde histórico, atingindo 10,1%, das residências ouvidas na pesquisa.